sábado, 27 de outubro de 2012

Benzeno mata petroleiro na Bahia

Benzeno mata mais um trabalhador da Petrobrás

Enquanto as gerências da Petrobrás alegam que não há contaminação por benzeno nas unidades da empresa e tentam, a todo custo,  impor limites de tolerância à substância, mais um trabalhador perde a vida após lutar durante meses contra a leucemia mielóide aguda.
Estamos falando do companheiro Enivaldo, conhecido como Shalom, que era Técnico de Operação da Rlam, e faleceu na tarde de quinta (18), no Hospital Sírio Libanez, em São Paulo,  onde chegou a se submeter a um transplante de medula. Infelizmente, ele não conseguiu debelar a leucemia aguda que adquiriu após anos de exposição ao benzeno em uma das unidades mais contaminadas da Rlam, a U-30, que chegou, inclusive, a ser duas vezes interditada pelos órgãos fiscalizadores da Bahia.

A FUP, o Sindipetro Bahia e todos os companheiros de Shalom lamentam a perda de mais uma vida em função da irresponsabilidade de gestores que só se preocupam com cifrões e resultados. O corpo de Enivaldo será transferido para Salvador, onde será velado e sepultado na sexta (19).  Que sua história, assim como a do companheiro Kapra, da RPBC, que também foi vítima do benzeno, fortaleça a luta dos petroleiros por condições seguras de trabalho. Por Enivaldo, Kapra e tantos outros trabalhadores vítimas do benzeno, seguimos em frente para impedir que gestores irresponsáveis tentem relativizar e minimizar os efeitos nocivos e fatais desse agente químico.

Reproduzimos abaixo trechos da matéria publicada na última edição do Primeira Mão, cujo conteúdo tem sido recorrente em nossos boletins e nos informativos dos sindicatos:

Em todo o Sistema Petrobrás estão surgindo novos casos de alterações hematológicas e, mesmo assim, a empresa continua agindo de forma negligente e até mesmo negando a existência de petroleiros contaminados. Torna-se cada vez mais urgente que a categoria se conscientize sobre os riscos da exposição ao agente toxicológico e se organize para cobrar da empresa o cumprimento do Acordo Nacional do Benzeno.

A FUP e seus sindicatos continuam mobilizados contra a tentativa da Petrobrás em alterar o Acordo, alegando que existe tolerância à substância, mesmo quando a legislação diz o contrário. O conceito quantitativo que a empresa tanto quer impor não é seguro. Portanto, não há tempo a perder. Diante de qualquer alteração procure o GTB (Grupo de Trabalho do Benzeno) e denuncie ao seu sindicato para que seus direitos sejam preservados e o caso seja encaminhado e investigado pelo Centro de Referência do Trabalhador.  Benzeno não é flor que se cheire! (FUP)
 SEPULTAMENTO
Convidamos a todos para o sepultamento do companheiro Shalom, nesta quinta (19), às 15h, no cemitério da Baixa de Quintas. O corpo será velado na Ordem 3ª de São Francisco.
Veja mais detalhes no Boletim do Sindicato dos petroleiros da Bahia abaixo:

boletim-semanal-n57 (1)

domingo, 21 de outubro de 2012

O projeto de lei 6639/09 e o dióxido de enxofre no açúcar



Deputado Federal Pedro Ribeiro (PR-CE)
(camara.gov.br)
        Durante a nossa pesquisa para o trabalho sobre dióxido de enxofre (SO2), descobrimos a existência de um projeto de lei que abordava a presença do dióxido de enxofre no açúcar, já que essa substância é utilizada no processo de branqueamento do açúcar. Desde outubro de 2009 o deputado federal Pastor Pedro Ribeiro (PR-CE) propõe essa lei onde se aplica uma redução da quantidade de dióxido de enxofre no açúcar de 15mg de SO2/kg de açúcar para 1mg/kg. O deputado apresenta diversas justificativas para essa lei:
1) O dióxido de enxofre pode causar prejuízos à saúde como broncoespasmos, dermatitie de contato , cefaleira e dor abdominal;
2) Segundo o deputado, o Brasil mesmo sendo um grande exportador de açúcar (21% da produção mundial) já apresenta problemas na exportação devido às altas taxas de SO2 no produto;
3) Não segue a quantidade permitida pela Codex Alimentarius [norma internacional sobre alimentos, produzida em conjunto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em Inglês) e Organização Mundial de Saúde (OMS)];
          O deputado apresenta também uma quarta justificativa: ele afirma que essa tecnologia de clareamento é ultrapassada e dá destaque a um processo de branqueamento a partir do ozônio mais moderno e barato desenvolvido por um brasileiro, Raimundo Stilton. O deputado não dá grandes explicações sobre esse processo, mas, mesmo assim, é a única alternativa apresentada no documento para substituir o dióxido de enxofre.
       O projeto de lei ainda não foi votado, e, segundo o site camara.gov.br, em 05/03/2012 foi da Comissão de Seguridade e Família (CSSF) encaminhado para a Coordenação de Comissões Permanentes (CCP).

FONTE: http://camara-dos-deputados.jusbrasil.com.br/noticias/2084372/uso-de-enxofre-para-clarear-acucar-podera-ser-proibido Agência Câmara. Uso de enxofre para clarear açúcar poderá ser proibido. 11 de fevereiro de 2010. Data de Acesso: 07 de outubro de 2012;
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=464804 PL 6639/09. Data de Acesso: 07 de outubro de 2012.

Gabriel Santos Fernandes e Pedro Otávio Cavalcante

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Postos de combustível ameaçam saúde do trabalhador por exposição ao benzeno

Leis e políticas preventivas reduziram a exposição na indústria à substância cancerígena. No entanto, pouco foi feito para proteger quem trabalha no comércio de combustível
Ao mesmo tempo em que as indústrias tomaram medidas para reduzir a exposição dos trabalhadores aos efeitos danosos do benzeno à saúde, pouco foi feito quanto à contaminação em outras áreas fortemente relacionadas à intoxicação pelo solvente,como postos de gasolina que comercializam combustível adulterado. Esta é a conclusão de uma tese de doutorado defendida recentemente pelo médico Danilo Fernandes Costa na Faculdade de Medicina da USP.Ao longo de quatro anos, ele investigou as estratégias de redução da exposição à substância adotadas no Brasil, avaliou as legislações restritivas e a eficácia dessas ações. A substância derivada do petróleo é tóxica, altamente cancerígena e está diretamente associada a doenças como aplasia de medula e leucemias. O autor do estudo é auditor fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo, onde é responsável pelo Programa Estadual do Benzeno.Ele ressalta ainda que ainda não há um dimensionamento claro da exposição ao benzeno fora das empresas do setor químico, petroquímico e de petróleo. “Dados da Previdência Social revelam ocorrência importante de casos de aplasia de medula, leucemia e linfoma entre frentistas de postos de gasolina, que podem estar em contato combenzeno presente em combustível adulterado”, alerta. Segundo o pesquisador, não há estudos toxicológicos aprofundados e falta um trabalho adequado para prevenir a exposição aos solventes nessa atividade. O problema, segundo ele, ganha maiores dimensões porque é cada vez maior e o número de trabalhadores nas áreas de abastecimento de combustível, como em hipermercados. E também porque, fora das fábricas, a gasolina é o único produto que pode conter benzeno em quantidades maiores. Por lei, todos os outros solventes podem ter no máximo 0,1% de benzeno.A gasolina comum pode ter 1% e a especial 1,5% a especial. Dados da Previdência Social mostram que entre de 2004 a 2006 ocorreram 66 casos de doenças malignas, como leucemias, linfomas e aplasia de medula em trabalhadores de postos de gasolina. São dados que chamam a atenção e podem indicar situação grave.