quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Postos de combustível ameaçam saúde do trabalhador por exposição ao benzeno

Leis e políticas preventivas reduziram a exposição na indústria à substância cancerígena. No entanto, pouco foi feito para proteger quem trabalha no comércio de combustível
Ao mesmo tempo em que as indústrias tomaram medidas para reduzir a exposição dos trabalhadores aos efeitos danosos do benzeno à saúde, pouco foi feito quanto à contaminação em outras áreas fortemente relacionadas à intoxicação pelo solvente,como postos de gasolina que comercializam combustível adulterado. Esta é a conclusão de uma tese de doutorado defendida recentemente pelo médico Danilo Fernandes Costa na Faculdade de Medicina da USP.Ao longo de quatro anos, ele investigou as estratégias de redução da exposição à substância adotadas no Brasil, avaliou as legislações restritivas e a eficácia dessas ações. A substância derivada do petróleo é tóxica, altamente cancerígena e está diretamente associada a doenças como aplasia de medula e leucemias. O autor do estudo é auditor fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo, onde é responsável pelo Programa Estadual do Benzeno.Ele ressalta ainda que ainda não há um dimensionamento claro da exposição ao benzeno fora das empresas do setor químico, petroquímico e de petróleo. “Dados da Previdência Social revelam ocorrência importante de casos de aplasia de medula, leucemia e linfoma entre frentistas de postos de gasolina, que podem estar em contato combenzeno presente em combustível adulterado”, alerta. Segundo o pesquisador, não há estudos toxicológicos aprofundados e falta um trabalho adequado para prevenir a exposição aos solventes nessa atividade. O problema, segundo ele, ganha maiores dimensões porque é cada vez maior e o número de trabalhadores nas áreas de abastecimento de combustível, como em hipermercados. E também porque, fora das fábricas, a gasolina é o único produto que pode conter benzeno em quantidades maiores. Por lei, todos os outros solventes podem ter no máximo 0,1% de benzeno.A gasolina comum pode ter 1% e a especial 1,5% a especial. Dados da Previdência Social mostram que entre de 2004 a 2006 ocorreram 66 casos de doenças malignas, como leucemias, linfomas e aplasia de medula em trabalhadores de postos de gasolina. São dados que chamam a atenção e podem indicar situação grave.

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